quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Ninguém escolheria a poesia




Se um dia te perguntarem se é bom ser poeta, diga que não. Diga que ruim e doloroso e diga que é triste, diga que os poetas não são felizes e que são poetas por isso. Diga que as poesias são feitas de caco e de sangue de nós mesmo, diga que é solitário e sem amor. Diga que sempre que alguém lê uma poesia do poeta perto dele ele sangra, ele sabe de onde vem. Ele sabe que colocou no papel o amor que não pode colocar em pessoa. Que amor de poesia é reciclagem e é lixo. Que amor de poeta é tão bonito quanto um diamante de sangue, e que não amar seja talvez uma arte inalcançável. Fale a quem perguntar que as palavras saem sozinha que eles correm para o papel para não matar quem as escreve, fale que o amor pode virar ódio e ruína, mas que quando vira tristeza é poesia. Fale que poesias são para chorar, que não são de amor, são por amor e para o amor. Fale que todo poeta é louco, e fale que eles são sempre obrigados a abrir mão de se proteger em nome de todos e diga que a poesia nunca foi uma opção porque se assim fosse, ninguém a escolheria.

domingo, 10 de agosto de 2014

12- teu silêncio

Meu amor seja doce,
me negue o teu silêncio
pois ele é mortal,
é como te ver nos
braços de outro alguém,
Não! é pior, é como
imaginar-te a beijar
outra boca, outra alma
É como ver-te
chamar de casa
um outro amor,
o téu silêncio
é um delírio amargo
quase tão ruim
quanto esses teus
olhos frios ,
frios como minha alma
sem ti,
teu silêncio é um vazio escuro,
perdido
e de veras intrigante
dá asas a minha imaginação
e ela fértil e cruel
me mata aos poucos,
me arranca pedaços
e me seduz a poços fundos,
o teu silêncio é sombrio,
sombrio como uma
vida sem amor,
é como não ter
um peito forte,
onde chorar,
teu silêncio
me desordena,
por favor, não mo-dê
e assim me traga de volta

Põe numa caixa e me envia

Devolve tudo
minhas borboletas,
devolve meus suspiros
e as minhas horas
devolve as minha noites mal dormidas
devolve as musicas
que não escuto mais por tua causa
devolve o pedaço de mim que ainda falta,
devolve os abraços e os beijos,
devolve meu carinho,
não faz rodeios,
coloca em uma caixa,
coloca meus pedaços,
e meus filmes de romance
devolve meus livros e minha poesia,
e se possível
o meu amor


sábado, 2 de agosto de 2014

o céu dos seus olhos


Eu fujo pro céu dos seus olhos
para os meus não terem que ver o mundo,
eu fujo por eles
porque perto deles 
o mundo é melhor,
só porque eu tenho a estranha sensação
de que seus braços 
vão me proteger do mal
e que vendo as coisas 
pelos seus olhos
elas são boas, 
sinceras e suaves 
e porque quando 
o céu dos seus olhos
enxergam os meus
eu me perco em você

Eu odeio seu sorriso

Eu odeio cada parte de mim
que te ama
Eu odeio a que gosta
quando você sorrir,
ou quando fala
Eu odeio saber que
você desperta um fogo
no meu peito
Eu odeio quando seu
sorriso, me causa êxtase
Eu odeio ficar nervosa
por você,
Eu odeio a esperança
de te ter
Eu odeio não me
sentir suficiente,
mesmo sabendo, ou
pelo mesmo achando
que fomos feitos nas
mesmas formas,
Eu odeio pensar nessa
solidão que ficou
quando você partiu

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Mendigos e rapazes de metrô.

Em minha vida sempre houve alguém. Nem sempre o mesmo alguém. Quase nunca o mesmo só alguém. eu tinha o dom de amar do jeito errado. do jeito platônico, escuro e sossegado. De um jeito pudorendo, não tinha jeito era sempre assim. Certa vez me apaixonei pelo mendigo da esquina da rua 15. MALDITO MENDIGO! Que tipo de pessoa pudorenta ama um mendigo? Sempre que passava pela rua 15, o que era sempre, e quando não era eu mudava a rota. Aquele mendigo me pedia dinheiro, mal sabia que me tinha roubado o coração. Resolvi que ia contar para o meu terapeuta e ele quase gritou quando ouviu : MAS VOCÊ ESTÁ LOUCA?,  e eu respondi : Um mendigo não merece amor e ele riu. Todos os dias eu dormia pensando em um mendigo do qual eu não sabia o nome. o mendigo que me deu borboletas no estômago.
Um dia quando eu cheguei a rua 15 o mendigo não estava. AI MEU DEUS! eu me desesperei. Perguntei a todo mundo que ali passava ou trabalhava e ninguém o tinha visto. Depois desse dia descobri que o amor era cruel. Podia ir embora e levar o melhor de você, sem pedir sua permissão. Passei a amar pessoas mais rápidas e variadas, eu amava rapazes de metrô. não aqueles que eu via sempre, amava aqueles que eu sabia que não voltariam, desde então eu amo todo dia e todo dia o amor vai embora, eu já me acostumei e pensando melhor eu ate gosto. Tenho sempre a chance de amar de novo.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Sólido

As ilusões são doces
é mais fácil amar nos sonhos,
mas eu gosto da solidez
das coisas,
eu gosto de tê-lo
sólido
junto a mim,
quente e áspero,
se fazendo presente e necessário,
e sinto que isso seja só
mais um devaneio