quarta-feira, 16 de julho de 2014

Mendigos e rapazes de metrô.

Em minha vida sempre houve alguém. Nem sempre o mesmo alguém. Quase nunca o mesmo só alguém. eu tinha o dom de amar do jeito errado. do jeito platônico, escuro e sossegado. De um jeito pudorendo, não tinha jeito era sempre assim. Certa vez me apaixonei pelo mendigo da esquina da rua 15. MALDITO MENDIGO! Que tipo de pessoa pudorenta ama um mendigo? Sempre que passava pela rua 15, o que era sempre, e quando não era eu mudava a rota. Aquele mendigo me pedia dinheiro, mal sabia que me tinha roubado o coração. Resolvi que ia contar para o meu terapeuta e ele quase gritou quando ouviu : MAS VOCÊ ESTÁ LOUCA?,  e eu respondi : Um mendigo não merece amor e ele riu. Todos os dias eu dormia pensando em um mendigo do qual eu não sabia o nome. o mendigo que me deu borboletas no estômago.
Um dia quando eu cheguei a rua 15 o mendigo não estava. AI MEU DEUS! eu me desesperei. Perguntei a todo mundo que ali passava ou trabalhava e ninguém o tinha visto. Depois desse dia descobri que o amor era cruel. Podia ir embora e levar o melhor de você, sem pedir sua permissão. Passei a amar pessoas mais rápidas e variadas, eu amava rapazes de metrô. não aqueles que eu via sempre, amava aqueles que eu sabia que não voltariam, desde então eu amo todo dia e todo dia o amor vai embora, eu já me acostumei e pensando melhor eu ate gosto. Tenho sempre a chance de amar de novo.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Sólido

As ilusões são doces
é mais fácil amar nos sonhos,
mas eu gosto da solidez
das coisas,
eu gosto de tê-lo
sólido
junto a mim,
quente e áspero,
se fazendo presente e necessário,
e sinto que isso seja só
mais um devaneio

se perder

Quando você for,
eu vou sofrer
Eu sei moreno, e
sei que você sabe,
os grandes amores
são tristes, sofridos
e nem por isso impossíveis
se supõe que o fim
será melhor, mas
espero que você
não se perca em outros braços
em outros amores,
para que quando o fim
da estrada chegue
você esteja lá
para ver o sol se pôr
para assistir a chuva cair
para que no fim,
eu não tenha amado só,
se for para me matar
em ti,
que o faça agora,
antes a dor da perda
do que a da ilusão

sou só saudade

Eu sou a saudade,
aquela que ficou quando você se foi
Eu sou aquilo que você me fez e
depois deixou
Eu sou a lembrança,
ainda sou parte quente
do seu ser
Eu sei, para você
sou só passado
sou só lembrança
não sou mais você
Sou uma poesia
inacabada,
rasgada e atirada
ao fogo.
Não sou mais o fogo
que um dia ardeu
no teu peito
Sou só algo,
só um nome,
nem mesmo alguém,
algo que um dia você amou
e hoje nem mesmo chega a querer
nem sabe o que é